De véspera

 

Ainda que a minha rotina fosse semelhante à de um animal noctívago, tinha plena consciência que teria de deitar-me cedo, que precisaria de descansar minimamente. Eu não sabia o que o dia seguinte poderia trazer.
Sabia que o despertador iria tocar muito mais cedo que o costume e que, no máximo, às 05h tinha que estar a caminho do aeroporto.
Eu tentei, mas em vão. As horas passaram a voar. Vi-as todas a passar por mim, inerte numa cama que nem parecia a minha. Nem o jeito da almofada me deixou descansada.
Não ouvia mais nada senão o mar.
A minha mente era nada mais nada menos que um turbilhão de reflexões. Lembro-me de comparar o que estava a sentir com a arrebentação das ondas. Na sua sintonia.
 Seria tudo ansiedade por causa da viagem? Ansiosa porque seria a primeira viagem que faria sozinha, de mochila às costas? Das primeiras viagens de avião sozinha?
Talvez fosse. 
Estava entusiasmada por sair da minha zona de conforto, precisava disso. Mas não era o suficiente para me tirar o sono. 
Estava desprovida de descanso, estava irrequieta, nervosa, distraída.
Como se a manhã não tivesse já começado menos bem, assim que pus os pés fora de casa, tive logo que pisar uma bruta poia de cão!! Praguejei. Dá sorte, disseram-me.
Eu só queria que o dia corresse bem e que me sentisse igualmente bem. 
Eu deveria estar feliz e entusiasmada por aquilo que estava prestes a fazer.

Tinha a sensação de uma pedra no estômago, de um nó na garganta.
Sabia perfeitamente o porquê. 

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Comentários

  1. Vai, com toda a força e fé. Será um passo muito importante, ainda que possa parecer-te diminuto. Força, vai tudo dar certo :)

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